Padre Pedro

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“Vem e segue-me” (Mt 19,21)

Minha vocação

Sou natural de Pouso Redondo, no Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina. Aqui tudo parece ser muito pacífico. Vive-se em meio a montanhas, planície, campos, cultura agrícola (especialmente arroz), juntamente com um recente bom industrial. Os costumes culturais e religiosos herdados de nossos descentes italianos e alemães conotam tradição e simplicidade. Foi nesse contexto que nasci, cresci e respondi ao chamado de Deus.

Sempre me senti bem na Igreja. A figura do padre para mim era algo excepcional. Assim sendo, a vocação ao sacerdócio já estava a nascer em mim. Quando estava na catequese já vivenciava o forte e suave convite de Jesus para tornar-me um discípulo Seu. Enquanto trabalhava nos arrozais, me vinham à mente os ensinamentos de Jesus Cristo. Muitas pessoas contribuíram para o desenrolar da minha vocação. Houve uma catequista que mais ousadamente lançou uma sementinha na minha caminhada cristã. De fato, ela já sabia que eu estava enamorado pelos ideais evangélicos. Minha vó materna também me apoiou com muita alegria. Sei que ela, lá do Céu, intercede por mim, na minha vida sacerdotal.

Mais tarde eu queria ingressar no seminário, mas não sabia como. Aos 14 anos já almejava de viver num seminário. Tive a audácia de falar com meu pai. Porém, ele foi contrário ao meu entrar no seminário. Achava que era muito novo e além do mais ele necessitava de mim para trabalhar nos arrozais. Um vizinho meu já estava no seminário missionário há alguns anos e eu achava o máximo a vida dele, bem como a sua personalidade. Nós conversávamos sobre o ir a todos os povos e levar a Boa Nova do Reino. Contudo, até então, eu tinha somente uma vaga idéia sobre o PIME. Também eu era pouco consciente da missão evangelizadora da Igreja como um todo: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária”(Ad Gentes,2).

O 1o. livro do PIME (Pontifício Instituto das Missões Exteriores)que eu li foi “Um Mártir na China”. Esse livro é cativante. Achei a linguagem e o conteúdo duros, e até “cruéis”, principalmente o que alguns povos tinham feito com alguns missionários do PIME. Também pensava comigo mesmo que aqueles missionários eram um pouco masoquistas. Porém, depois captei que eles simplesmente levaram a sério o mandato missionário de Jesus: “Ide por todo o mundo, proclamai o evangelho a toda a criatura” (Mt 16,15). Compreendi também que o martírio poderia ser uma realidade na vida de qualquer missionário.

Meu sonho era ler a Bíblia de cabo a rabo antes de entrar no seminário. Em um ano eu a li. Nas partes bíblicas precisamente missionárias, eu contemplava mais. E até hoje Mc 16,15 não sai da minha cabeça e do meu coração. E um dia os padres do Pime visitam minha cidade – era apenas uma reunião para aqueles que sentiam o chamado ao sacerdócio e a vida missionária. Éramos cinco apenas. A simplicidade dos padres me alegrou.

Precisei de muita oração e discernimento para responder ao chamado de Cristo. Obviamente surgiram muitos empecilhos, dúvidas, altos e baixos, irresoluções, angústia existencial, sentimentos colidentes... Todavia, isso foi muito bom para o meu crescimento como homem e como filho de Deus. Assim, pude ver o dedo de Deus na minha própria história pessoal.

Após fazer um pouco de acompanhamento vocacional com alguns padres do Pime e ter sido aceito pelo Pime, ingressei no seminário de Brusque (SC) em 1994. Fiz o ano de discernimento (na época não havia o propedêutico), filosofia e o ano de Espiritualidade. Foi um tempo magnífico de discernimento, oração, pastoral e vida comunitária. As minhas 1as. Promessas de pertença ao Pime foram feitas em 1998 em Brusque.

Um empecilho-tentação à vida missionária: não me via apto a abraçar a causa missionária. Pensava comigo mesmo: “Nossa Senhora, um homem fraco e com poucas dádivas como eu, alcançaria ser um missionário?” Aprender novos idiomas, inculturar-se, morrer para minhas idéias? Era consolador recordar de Moisés que se sentia como eu, Paulo que admitia ser imperito no falar (2 Cor 11,6), Jeremias/Davi muito jovens como uma missão grandíssima. Paulo incisivamente enfatiza em 2 Cor 9, “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder”.

Próxima etapa: Teologia nas Filipinas – o conselho evangélico da obediência foi penoso. Na verdade, não queria ir às Filipinas. Hesitei muito no começo por causa do idioma a ser enfrentado (inglês), bem como por causa da diversidade cultural entre Brasil e Filipinas. Contudo, como tinha a vocação missionária, lancei-me então naquele vasto arquipélago (7000 ilhas). Ao chegar lá, percebi como a Ásia era diferente do Brasil. Nas Filipinas há vulcões, tufões, centenas de ilhas, dialetos e tribos. Os filipinos são bilíngües. Os espanhóis deixaram algumas marcas pelo país. Contudo, o estilo estadunidense está entrando e se enraizando de maneira bem acentuada. Os filipinos labutam para sobreviver devido a fatores e estruturas injustos política e socialmente falando (corrupção, egocentrismo, problema de cultura).

Convivência na Comunidade Internacional – no seminário de Tagaytay (60 km de Manila) há seminaristas provindos de 6 países: Índia, Itália, Brasil, Filipinas, Mianmar e Costa do Marfim. Boa combinação, não acham? Vocês não acham que nossa convivência assemelhava-se mais com a Torre de Babel do que com a de Pentecostes? Imaginem só: diversos idiomas, culturas, pensamentos e personalidades num lugar só!? Bom, dei-me conta de uma coisa extraordinária: a paz é possível. Relacionava-me serenamente, sem violência, com pessoas de seis nacionalidades diferentes. Línguas e diversidade de culturas não devem ser encaradas como sérios empecilhos para a construção do Reino. Em Tagaytay, estávamos partilhando o mesmo ideal missionário, labutando pelo mesmo reinado de Cristo. Como São Paulo sonhava, estávamos já vivendo: “E toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fl 2,11). Fui ordenado diácono em Parañaque City aos seis de junho de 2003, juntamente com outros oito co-irmãos. Não restam dúvidas que saudade e curiosidade se entrelaçavam em mim quando estava longe da pátria.

De minha parte, uma vez que eu era estrangeiro, certamente houve muito estranhamento, expectativas não realizadas, problemas corriqueiros e a exigência de constantes adaptações. Porém, o encanto de minha vocação e a certeza de que Jesus estava comigo, estará sempre comigo até a consumação dos séculos (Mt 28,20), falaram mais alto.

Meus pais têm acolhido com muito júbilo e, indubitavelmente, com muito orgulho seu filho, presbítero missionário, ordenado no dia 5 de junho de 2004 em Pouso Redondo. Minha primeira destinação foi Assis, SP como coadjutor da Basílica São Vicente de Paulo e animador vocacional-missionário no PIME. Terminada esta experiência, deixei a pátria para testemunhar Jesus no Japão!

Japão! Deus me pede para fazer um passo ainda maior. Desembarquei no Japão no dia 19 de março de 2008, no dia de São José. Morei dois anos em Tóquio para o estudo do japonês. Celebrava missas nos finais de semana quando solicitado. Cheguei em Maebashi no dia 08 de abril. Atualmente moro em Shibukawa. Sirvo `as comunidades de Maebashi, Shibukawa, Numata, Kusatsu e Akatsukinomura. Para as comunidades nipo-brasileiras, atuo em Maebashi, Honjo e Isesaki. Conto com as orações de todos os fiéis e convido a cada um a fazer parte de sua comunidade tendo a convicção de que o Senhor te ama, te fortalece e te dar o maior motivo para viver.

Padre Pedro